A tarifa de interconexão ainda tem muito o que cair, mas já começou a perder sentido se manter vários chips por pessoa, de forma a buscar sempre a chamada mais barata. Até setembro, 10 milhões de acessos pré-pagos sumiram da base de assinantes, que vai, pela primeira vez nos 25 anos em que existe no Brasil, terminar o ano menor do que começou.
Até setembro perdemos 1% da base e no último trimestre pode ser mais forte o impacto, diz o diretor-executivo do sindicato nacional das operadoras, Sinditelebrasil, Eduardo Levy. Podemos ter ainda saldos de final de ano, mas vamos ter aumento no preço dos smartphones. Pela primeira vez não temos previsão para o fim de ano, emenda.
Na avaliação do setor, uma confluência de fatores conspirou para uma queda mais brusca do que o esperado. Há menor consumo das pessoas, a VU-M diminuiu e não há tanto interesse em ter clube. Usa-se aplicativos através de redes de dados, então não faz diferença ser on net ou off net, lista Levy.
O mercado segue imenso: são 275,8 milhões de acessos móveis, segundo o mais recente levantamento da Anatel (de setembro). Mas eram 280,7 milhões quando 2015 começou. E essa queda, de 1,7% no total, deve ser apenas a primeira de várias. O momento é de ajuste.
O usuário está mudando seu perfil de consumo e o Brasil vive essa transição, que explodiu de forma acelerada, brusca, este ano. Em seis meses o pré-pago perdeu 10 milhões. E o efeito clube é muito em cima do pré-pago, aponta Eduardo Tude, da consultoria Teleco.
A VU-M é a tarifa de interconexão das redes móveis. Historicamente alta no Brasil, levou o mercado a privilegiar ligações dentro de uma mesma rede, ou on net. Como falar com uma operadora diferente sempre foi mais caro, uma defesa natural foi ter mais de um chip para estar on net, ou no clube.
A Anatel, no entanto, vem forçando uma redução gradual na VU-M, que hoje beira os R$ 0,16 por minuto. Até 2018 esse valor deve ficar entre R$ 0,01 e R$ 0,02. A queda começou na casa dos R$ 0,40, portanto o efeito já é sensível para as empresas, que estão ensaiando se adaptar à nova realidade.
Em 2016, se o valor do Fistel se mantiver [e, portanto, não ajudar para um aumento de M2M], devemos ter queda no número de chips. O processo começou e das quatro celulares duas já mostraram planos aderentes a essa visão futura, a tendência de diminuir o numero de clubes e o tráfego on net, completa Levy.