Anúncio ocorre em resposta a iniciativas bem-sucedidas de gigantes americanas como a Amazon
A operadora espanhola Telefónica lançou neste domingo (25) uma assistente ativada por voz chamada "Aura", em seis países, usando inteligência artificial para interagir com seus clientes.
O anúncio, na véspera do Congresso Mundial de Telefonia Móvel em Barcelona, ocorre um ano após a Telefónica prometer uma transformação em resposta a gigantes americanas de tecnologia como a Amazon, cuja assistente interativa Alexa se tornou uma grande vendedora.
A Telefónica, presente em 17 mercados pela Europa e América Latina, está oferecendo sua assistente na Argentina, Brasil, Chile, Alemanha, Espanha e Reino Unido.
"Um ano atrás, dissemos que queríamos que a inteligência artificial fosse a base da relação de nossos clientes conosco e estamos entregando esta promessa", disse o presidente-executivo, José María Álvarez-Pallete, neste domingo.
"A digitalização é o núcleo do nosso negócio e, graças à profunda transformação interna pela qual passamos nos últimos oito anos, nos tornamos uma companhia de plataformas inteligentes."
Companhias de telecomunicação da Europa têm lutado para crescer enquanto reguladores reprimem taxas de roaming, preços de dados caem e oportunidades de alcançar economias de escala por fusões se esvaem por conta de mercados já concentrados.
Elas também enfrentam dificuldade para acompanhar companhias de plataformas como a Amazon, Google ou o Facebook, que provaram ser altamente adeptas do uso de dados dos consumidores para vender produtos, serviços ou fazer propaganda on-line.
A Aura não buscará competir —ao invés disso irá operar como um aplicativo da marca na Argentina, Brasil e Reino Unido, comandará a plataforma de TV paga da Telefónica na Espanha, enquanto fica disponível via Facebook Messenger no Chile e na Alemanha.
Em breve ela será integrada ao Google Assistant, bem como ao Cortana, da Microsoft em 2019, disse a Telefónica.
A Telefónica, que investiu € 56 bilhões (ou US$ 69 bilhões) em sua atualização digital desde 2012, estimou na semana passada que as vendas cresceriam 1% neste ano —mais lento que a alta de dois dígitos alcançada por players norte-americanos.
Ela também afirmou estar trabalhando com a Deutsche Telekom da Alemanha, a holandesa KPN e com a Orange da França em uma iniciativa de portabilidade de dados.
Isso ocorre em meio a novas regras da União Europeia —a chamada Regulação Geral de Proteção de Dados (GDPR)—, que dá aos consumidores maiores direitos sobre a forma como seus dados pessoais são tratados pelas empresas.
A portabilidade de dados prevê que as pessoas possam receber ou transferir dados coletados sobre eles on-line, de forma acessível, como parte de uma agenda política mais ampla para proteger os cidadãos da vigilância corporativa.
REUTERS