O laboratório Sanofi-Aventis oficializou, nesta quarta-feira, a chegada ao Brasil do medicamento Acomplia (rimonabanto), conhecido como a pílula antibarriga. De acordo com o fabricante, o remédio chega às farmácias do país em, no máximo, duas semanas e não há previsão de distribuição gratuita pela rede pública do Sistema Único de Saúde (SUS). O medicamento, que só será vendido a partir da apresentação de receita controlada, chega às farmácias em caixas com 28 comprimidos ao custo médio de R$ 200.
Segundo Jaderson Lima, diretor médico-científico do laboratório Sanofi-Aventis, o Acomplia já está sendo comercializado em 30 países e, desde 2006, foi responsável pelo tratamento de mais de 500 mil pacientes.
" Não é um remédio para todos, não vai funcionar em todos os pacientes, mesmo se eles se encaixarem no perfil da indicação (Alfredo Halpern, endocrinologista) "
- Além de obesidade, o remédio pode ser indicado para quem tem diabetes tipo 2 e precisa emagrecer, e para quem está muito acima do peso e apresenta um quadro de síndrome metabólica e tem resistência a insulina - disse o médico.
O laboratório adverte que a chamada pílula antibarriga "não é um medicamento para uso estético. Deve ser indicado para o paciente correto". Assim como remédios para tratamentos cardíacos e para a diabete, o Acomplia é um medicamento de uso contínuo e não é recomendado a pessoas que tenham gordura localizada. Segundo o laboratório, a substância (rimonabanto) trata de gordura visceral, aquela presente no entorno dos órgãos.
O medicamento é contra-indicado para usuários de antidepressivos ou pacientes com tendência a depressão. Pessoas que, ao longo da vida, apresentaram episódios depressivos, mesmo que já tenham sido curadas, não devem fazer uso do remédio. Além de depressão, o remédio pode causar tonturas, náuseas, alterações de humor e um aumento de quadros de ansiedade e insônia.
Segundo Alfredo Halpern, endocrinologista e chefe do grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo, o Acomplia é indicado para casos de obesidade.
- A obesidade não é uma doença curável, e sim controlável. Por isso (a pílula) é um remédio para ser usado a vida inteira. Não é um remédio para todos, não vai funcionar em todos os pacientes, mesmo se eles se encaixarem no perfil da indicação - reforçou.
Alfredo Halpern acredita que o medicamento também pode ser um adjuvante no controle do diabetes tipo 2.
- Estudos mostraram que o emagrecimento consistente é de, em média, cinco quilos, e que para quem tem diabete tipo 2 faz diferença na hora de melhorar os sintomas da doença. Mesmo os diabéticos tipo 2 que tomaram o remédio, e não emagreceram muito, tiveram melhoras nos sintomas.
O cardiologista Álvaro Avezum, diretor da divisão de pesquisas do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia em São Paulo, enfatizou que os remédios para emagrecer só devem ser tomados com indicação médica e seu uso deve ser associado a uma alimentação balanceada e aos exercícios físicos.
- É importante frisar que todo tipo de remédio tem efeitos colaterais e pode provocar reações adversas. Por isso, o médico só deve indicar uma droga como esta quando os benefícios superarem seus riscos - avaliou Avezum.
Fonte: O Globo