JORNAL DO COMMERCIO DO RECIFE
A crise do sistema suplementar é um fenômeno observado em diversos países. Em uma publicação, o professor catedrático de Teoria Econômica da Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais de Madri, Indalecio Corugedo, cita alguns dos problemas enfrentados pelo setor na Espanha, que coincidem com os enfrentados pela saúde privada no Brasil: seleção adversa, informações desencontradas e alto custo de migração de uma operadora para outra, além do período de carência - prazo imposto aos usuários para que eles comecem a ter acesso a determinados procedimentos médicos. Um desafio específico enfrentado no Brasil é a necessidade de defesa da concorrência.
O sócio-diretor da Capitolio Consulting, Walter Graneiro, afirma que o mercado nacional passa por uma concorrência predatória, marcado por aquisições e fusões. Segundo ele, em dois grandes eventos ocorridos em 2003 (a CPI dos Planos de Saúde e o Fórum da Saúde Suplementar - então presidido pelo atual diretor-presidente do órgão regulador, Fausto Pereira dos Santos), representantes de todos os setores envolvidos na saúde suplementar discutiram o futuro e as saídas para equilibrar as relações entre empresas, prestadores de serviço e usuários.
"Todos já sabem o que é necessário. Foi tudo esmiuçado. Mas o governo não aceita as propostas", fala Graneiro. Um dos pontos a que se refere, a segmentação dos planos de saúde (com a possibilidade de o usuário contratar diferentes coberturas), já foi rechaçado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A outra questão levantada por Graneiro é a regionalização das operadoras, com planos que atenderiam às necessidades e ao perfil da população de cada local.
A regionalização é defendida, em parte, por diversos especialistas do setor privado. Mas a atual legislação impede que a ANS autorize índices por região.