Nada é mais eloquente sobre a importância de um plano nacional de banda larga do que deixar os grandes centros da costa atlântica brasileira. Em Manaus, uma das dez cidades mais ricas do país, por exemplo, as condições de acesso à Internet quando não são precárias, são extremamente caras.
Isso fica claro com a explicação da Prodam, órgão estadual de processamento de dados, que revela pagar nada menos que R$ 5 mil por megabyte/mês. Para se ter uma idéia do que isso significa, basta saber que a RNP (Rede Nacional de Pesquisas) paga pouco mais de R$ 4,00 por cada gigabyte mensal.
Na capital amazônica, a comunicação pela banda larga móvel, via 3G, muito defendido na proposta do Ministério das Comunicações, tem desempenho inferior ao acesso discado como a própria reportagem do Convergência Digital conferiu. Uma conexão residencial - que em Manaus ainda é monopólio da Embratel - chega a custar R$ 200 por acesso de 200 Kbps, como conta o secretário do comitê estadual de políticas de informática, Fabiano Marques.
Fica mais fácil entender, assim, porque o próprio governador do estado, Eduardo Braga, é reticente sobre a discussão de redução ou isenção de ICMS para incentivar esse tipo de serviço. Não há concorrência. Não há alternativas. Durante a abertura da Feira Internacional da Amazônia (Fiam 2009), Braga insistiu que "melhorar a competitividade não é apenas fazer isenções fiscais, mas investir em infraestrutura".
Pouco depois, o governador chegou a dizer que não conhecia a proposta de redução do ICMS e lembrou que as teles já têm um compromisso com o governo federal de levar banda larga a todas as escolas urbanas do país. "O Amazonas está disposto a discutir, mas nem o Ministério das Comunicações, nem a Oi, que fará a interligação de fibra ótica até março do próximo ano, nunca falaram nisso", afirmou Eduardo Braga.
Na verdade, porém, o assunto já passou pela secretaria da Fazenda do estado, mas parece que há pouca esperança de que mesmo uma isenção de ICMS tenha grandes efeitos para os amazonenses. "Ainda que fizéssemos a isenção, não chegaríamos nem perto dos R$ 29,80 prometidos pelo governo de São Paulo", afirma Fabiano Marques. E, vale lembrar, nem mesmo os paulistanos contam ainda com a banda larga popular, devido aos adiamentos de uma oferta a ser feita pela Telefônica.
Por outro lado, não falta demanda. Em Manacapuru tem um telecentro com 10 computadores. Apenas cinco deles funcionam e ainda assim são mais de 600 acessos por mês. Tem fila, a demanda reprimida é incrível. Ninguém pode pensar que só porque essas pessoas estão no interior elas não querem acesso", desabafa Marques.
Fonte: CONVERGÊNCIA DIGITAL