Os serviços fixos voltaram a ser um destaque positivo nos balanços da Vivo e Claro, entende o BTG Pactual. Já a TIM deveria rever sua estratégia na área diante dos resultados recentes na banda larga, avalia o banco em relatório divulgado nesta segunda-feira, 7.
"Depois de anos em declínio, o crescimento da receita dos serviços fixos agora está em território positivo e acelerando, graças à perda de relevância dos negócios legados e ao forte crescimento da banda larga baseada em fibra", apontou o relatório. Usualmente, as divisões fixas das teles reúnem a banda larga (via fibra ou demais tecnologias como cobre ou cabo) e outros serviços como telefonia fixa e TV por assinatura.
No caso da Vivo, o crescimento de 3,9% na divisão fixa registrado no segundo trimestre foi um recorde para a operadora desde que a área voltou a crescer, em 2021. O grande motor foi alta de 17% no mercado de fibra óptica até a residência (FTTH); o BTG destacou que essa é a operação do gênero que mais cresce no País, enquanto a rede de cobre da empresa perde relevância.
"Atualmente, a Vivo possui 27,3 milhões de lares cobertos com fibra e 6,5 milhões de clientes de banda larga por fibra (e apenas 375 mil clientes ainda conectados via cobre/DSL). Ela adicionou cerca de 700 mil novos clientes FTTH em 2023 e mais 372 mil no primeiro semestre de 2024 (média de 177 mil por trimestre nos últimos seis trimestres), com o número de adições líquidas acelerando para cerca de 200 mil no segundo trimestre de 2024", indica o relatório.
Já no caso Claro, após anos de recuos registrados no faturamento da área fixa, já são dois trimestres seguidos de crescimento na vertical. O balanço do segundo tri apontou alta de 2,9% em um ano, aceleração da tendência e crescimento de 8% se olhada apenas a banda larga.
"Nos últimos anos, devido ao declínio da TV paga via satélite (DTH), houve uma queda no desempenho [da divisão fixa da Claro]. No entanto, desde que a empresa acelerou a expansão da rede FTTH, incluindo uma sobreposição mais agressiva da sua rede legada de cabo coaxial (HFC), o crescimento da banda larga voltou a acelerar", registrou o BTG.
Assim, o banco classifica a atuação recente da empresa no mercado de fibra como notável. "A empresa adicionou 164 mil novos clientes de FTTH em 2021, 262 mil em 2022, 414 mil em 2023 e 252 mil até o segundo trimestre de 2024", calcularam os analistas. Em agosto a Claro tinha base de 1,6 milhão de clientes com fibra.
Os movimentos de Claro e Vivo ocorreram mesmo em momento de crescimento mais lento do mercado de banda larga como um todo, nota o BTG.
E a TIM?
Já no caso da TIM, a percepção é distinta. A empresa tem uma operação predominantemente móvel, com a atuação fixa respondendo por apenas 5,4% das receitas totais do grupo, lembra o BTG.
"Não apenas é um negócio relativamente pequeno, como também não está crescendo muito", indicou o relatório. No primeiro semestre a média de crescimento da vertical foi de 5%, abaixo do mesmo período de 2023. O saldo negativo na base de assinantes do serviço nos últimos meses também foi destacado.
"Em nossa opinião, pode não fazer sentido para a TIM operar um negócio de banda larga desse tamanho e com crescimento tão lento. Acreditamos que a TIM deve tomar uma decisão para se tornar mais relevante nesse setor ou desinvestir", recomendou o BTG Pactual.
Bom momento
De uma forma geral, contudo, as operadoras de telecom brasileiras seguem vivendo um bom momento, marcado por expansão de margens geração de caixa, intensidade de capital menor após os investimentos exigidos na primeira fase do 5G e cenário mais amigável no segmento móvel.
O grande motor de crescimento tem sido justamente esta vertical. No segundo trimestre de 2024 o crescimento no móvel variou de 7,3% a 9,1% em relação ao ano anterior, ainda acima da inflação, nota o BTG.
A manutenção da tendência, contudo, dependerá da habilidade das operadoras de seguirem fazendo cross-sell (venda de combos de serviços) e upsell – com a migração de clientes do pré-pago para o pós-pago. O relatório nota que ainda há bastante espaço para tal, visto que quase metade das linhas móveis brasileiras ainda são pré-pagas.